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Quando a arquitetura se transforma em objeto


         É fato que um edifício é mercadoria. No momento da primeira apresentação do projeto para o cliente, os desenhos tomam unidade, e transformam-se em mercadoria, algo que será comprado e negociado.
Inevitavelmente, o edifício se transforma em objeto: de desejo, de consumo, de uma série de sentimentos que tem pouco a ver com o objetivo real da arquitetura (abrigar, proteger, servir de espaço de convivência controlado, isolado das intempéries).
         O desejo, na maior parte das vezes, toma tamanha proporção, que a maioria dos arquitetos entra no jogo, são levados a projetar já pensando que aquele ato é uma mercadoria. Será que existe uma maneira de escapar disso? Será mesmo que, em algum momento, um segundo, a arquitetura não é mercadoria?


         Seja em renders ou em vídeos bonitos, como o exemplo acima, da Casa em Paraitinga (projetada pelo escritório do arquiteto paulistano Yuri Vital), a arquitetura considerada como "boa" pela mídia e professores, não tem diferença alguma daquela pregada pelo mercado imobiliário, se levarmos em consideração ambas as propostas.
         É claro que a qualidade de um projeto como da casa acima, é bem diferente da de um edifício ultraeclético. Mas podemos nos assustar quando começamos a analisar certos "embelezamentos" forçados na propaganda que ambos partilham. Talvez nada seja mais emblemático do que os efeitos do início do vídeo criado pela equipe de Yuri Vital, com reflexos, árvores ao vento, orvalho e uma iluminação natural a lá aurora boreal. Tudo muito bonito, sem dúvida...mas será mesmo necessário?

         Tudo conspira para que a Casa em Paraitinga se torne um objeto de desejo, um produto em estado da arte. Nesse sentido, afinal de contas, arquitetura é arte?

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